terça-feira, agosto 12, 2008

Venite Adoremus

Abriram-se as portas da velha escola da aldeia, relembrando tempos passados onde o eco dos risos das crianças se fazem ouvir agora de novo, misturados com o burburinho de vozes adultas como se repente os fantasmas do passado voltassem à vida na mesma sala onde já haviam sido alunos e aprendizes numa vida que os ensinou a crescer em conjunto.

As crianças correm sobre o ripado da sala que com eles lança o som do sapateado das corridas e brincadeiras, a que o antigo quadro de lousa pendurado na parede dianteira, assiste com um ar indiferente e severo.
No pátio da entrada, numa grelha fumegante, sardinhas e bifanas perfilam-se numa parada onde apenas o crepitar das brasas se faz ouvir, tornando-se o centro das atenções dos homens dispostos em círculo numa ronda de recordações a que paródias e piadas de circunstância acirram sob o olhar desafiador das mulheres que se atiram aos afazeres da cozinha.

As mesas são corridas e as pessoas dispõem-se nas dezenas, tantas quantas os pontos cardeais que ali apontam numa mesma ocasião já conhecida de antes, quando a festa da aldeia fizera esperar a qualquer momento o nascimento mais desejado de quem, alguns dias e cinco anos depois, ali o festejava agora com eles.
Pratos e talheres esgueiravam-se por entre os dedos de mãos a que a vida havia dado experiência no trabalho mas também nas lides do convívio que a ocasião reclamava, numa homenagem simbólica que do pai e mãe chegava ao filho, num prazer redobrado pela gratidão destes pelos demais.

Na cabeceira da sala, os avós maternos desenhavam um sorriso no inesperado da ocasião que lhes era ofertada também na presença que lhes fora imposta pela ocasião que a vida e o tempo fazem ser mais rara e mais cara à memória de quem lhes quer o mesmo bem que neles igual reconhece na vontade.

Terminava o dia entre o cântico de aniversário e o sopro que derrubava a chama das velas, sem que por isso se apagasse a doce recordação da presença dos convidados.

Fora do agrado dos Deuses e santos que haviam estado ali naquele dia, que fora de felicidade recordada todos os anos na mesma data.

Parabéns meu adorado filho pelo teu quinto aniversário, num bem hajas sentio a que junto a amizade das gentes da terra dos avós maternos e lugares limítrofes numa homenagem franca a que humildemente me inclino no agradecimento.

Colocam os deuses a felicidade nos meus olhos quando neles se reflecte a visão dos teus.

2 comentários:

Anónimo disse...

Rui,

Parabéns!..

Agora digo eu:

Aqueles que por obra do acaso se encontraram la longínqua época dos anos oitenta, no final do século passado, continuam ainda vivos na memória de todos.
Foram as conversas e os actos, as venturas e desventuras que os uniram, para não mais os seprar.
São anos a fio, mesmo sem uma epístola, mas com o pensamento grato de se terem conhecido. Foram as sementes lançadas que o destino não deixou ver crescer, mas eles, que sabem que existem, querem ver florir.
Aqueles que por obra do acaso se encontraram no passado, aguardam agora por um tempo no futuro para reviver e sentir o presente.

Um abraço

Sha disse...

O tempo da criança é mágico.
Ela brinca, salta, amua, reclama, chora, grita... e abraça, beija, não guarda rancor.
Não entende a dor, o abuso, o abandono, pois tudo nela é descoberta, é graça, é amor.
Com sorrisos de pureza e ingenuidade, um olhar aprendiz e verdadeiro, a mentira não faz parte do seu dia-a-dia.
E na sua alegria e apreço pelas coisas mais simples da vida nos devemos reconhecer e aprender lições que nos conduzam à magia da fraternidade.

Parabéns ao teu filho e a ti.

Beijo
Sha