terça-feira, fevereiro 27, 2007
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
Qual o pecado de Cristo ?
at sexta-feira, fevereiro 23, 2007 8 comments Labels: Religião
segunda-feira, fevereiro 19, 2007
Homem caído
quarta-feira, fevereiro 14, 2007
Conversas em vão
«Na sala pequenos grupos orbitavam cabisbaixos em torno do féretro, o qual embalava nas mãos um pequeno ramo de rosas brancas de uma paz profunda que duas mulheres aí depositaram num gesto maternal. Uma delas segura nas mãos um par de luvas brancas que ora entrega a outra igualmente presente, num gesto missionário que ambas entendem em silêncio.
Pouco adiante, num balde de lata, folhas contorcem-se em labaredas que consomem imagens, manuscritos e desenhos num esforço testamentado para apagar da memória o que não fora lembrado em vida.
Ao som da "Toccata e Fuga de Bach", as vozes fazem coro baixo em perguntas e respostas que as bocas escondem da razão, no teatro burlesco da vida, onde a morte impõe um respeito final.
- Mas sabes o que realmente aconteceu ?
- Sei, mas não estava à espera. Ainda ontem reparei que me tinha tentado ligar, mas eu tinha o telefone desligado.
- Pois a mim também me enviou uma mensagem mas como não tinha saldo no telemóvel, pensava ligar-lhe hoje ou amanhã.
- Para mim foi uma total surpresa, porque embora não o visse há muito tempo, andava há tempos para o visitar, mas sabes como é a vida, nunca temos tempo para nada.
- Porque raio aconteceu aquilo, sempre lhe disse que se precisasse, podia contar comigo fosse para o que fosse, bastaria ligar-me. Mesmo que não atendesse o telefone na hora, podia sempre procurar-me.
- Pois é, a mim ligou-me mas eu na altura estava acompanhada e não podia atender, pensava fazê-lo mais tarde mas entretanto também não tive oportunidade.
- Que merda de vida, logo havia de acontecer isto. De facto há já algum tempo que o via algo triste, mas nem quis perguntar-lhe nada porque podia ser apenas uma fase passageira.
- Pois é, eu também notei isso, e disse-lhe sempre que me podia ligar sempre que quisesse desabafar, fosse a que horas fosse. Eu só de manhã é que vi que ele ligou ontem, mas como tomei o comprimido para dormir nem sequer ouvi o telemóvel.
- É curioso que ele na verdade ele nem tinha família, mas havia quase sempre gente a procurá-lo por isto ou por aquilo, porque ele tinha jeito para desenrascar, quando alguém precisava de qualquer coisa.
- Eu gostava muito dele, estava sempre disponível para ajudar e a alegrar os outros e vou sentir a falta dele, embora já não estivesse com ele há bastante tempo e nem soubesse o que se passava.
- Ele já foi, e nós temos de seguir em frente. A vida é assim.
- Pois é, é a vida.»
Esta é uma história, onde apenas a morte é uma realidade adiada, porquanto no restante, é um passado que estende no futuro através do presente. Uma história bem real, onde conhecidos se acham amigos, enquanto estes são facilmente reconhecidos.
Quantas daquelas frases de circunstância que apenas comprometem o sentimento de amizade, fazem o quotidiano da diferença entre o pensar e o agir, entre estar disponível e aparecer, entre reconhecer e ser amigo de alguém.
Um dia, perguntaram-me, como descreveria um “amigo”.
Respondi que:
sexta-feira, fevereiro 02, 2007
Apenas um espaço vazio
Deito-me e espero que ela me venha embalar o sono.
Que saudades tenho de minha mãe, que não a deixo de chorar.