terça-feira, outubro 16, 2007

Ilda: 13 de Junho de 1950 ... 16 de Outubro de 1955


Minha irmã,
Cada dia que passa aproxima-nos mais.
Ensina-me a voar e repousa em Paz Profunda.

sexta-feira, outubro 12, 2007

Quando eu cair


Quando eu cair, quem me ajudará a levantar do chão ?

... provavelmente ninguém ...
... hoje sei que vou cair.

quinta-feira, outubro 11, 2007

Idonea verba


"Deixa o coração seguir à tua frente e procura alcançá-lo" (provérbio árabe)
.
Sentou-se enquanto a Lua rompia no horizonte sobre um Sol que esperou pôr-se em silêncio.
Abriu as asas e lançou-se no espaço à procura da luz que a sombra não deixava ver.
Deixou o coração partir e seguiu-o para que correndo ainda chegasse demasiado tarde onde as palavras já não se ouvem e os olhares estão ausentes.
Na margem uma criança acena ao colo da mãe acompanhando-o com os olhos no vôo alado rumo ao infinito, onde o Oriente o espera com uma nova luz.
É tempo de dormir e os olhos fecham-se no mar enquanto as marés dão à costa um aroma a solidão dos que esperam sós enquanto adormecem.

segunda-feira, outubro 08, 2007

Em silêncio ...


Não pediu nada. Foi dando e desejando e contudo os lábios mantiveram-se semi-abertos, entre o dizer e o escutar.
Não disse nada. Foi vagueando entre o gostar e o amar e os braços mantiveram-se semi-estendidos, entre o buscar e o abraçar.

Sofreu e chorou quase em silêncio, como se quisesse esconder a ansiedade e o que o coração gritava tão alto, que não era possível abafar.

Os pés, as mãos, a alma e o coração mantiveram-se contudo obstinados e confiantes num mesmo lugar que apenas aos veneráveis está destinado, votados à admiração e graça imensas, com a alma nas mãos num desejo de proximidade dos que se amam diariamente porque não sabem viver sós.
Assim, ficou ali, até que partissem todos e já ninguém era esperado, como o mais dedicado dos profetas na posse de uma imagem sagrada no mais santo dos templos, o da Vida.

terça-feira, outubro 02, 2007

Adeus e obrigado Zé... pela lição


O Zé Carlos era ainda novo e com uma filha, a pequena Catarina da idade do meu filho. Casara-se com a Cristina e com ela se tornou também meu primo por afinidade, aceitando igualmente no coração adoptivo o Gonçalo que o aceitou paternalmente.

Há pouco mais de um mês, a parente inocente dor nas costas transformou-se na denúncia inesperada de uma condenação que não se fez esperar e apressada se revelou em converter uma família feliz, à angústia de um destino adivinhado.

O Zé durante este curto tempo que passou, nunca chegou a perguntar aos médicos qual o destino ou o que o esperava, mantendo teimosamente nos lábios um sorriso brincalhão, que emprestava aos que o rodeavam e tratavam. Impedido de se mexer e na perda galopante das suas faculdades físicas foi repetindo até horas antes do seu último suspiro que não se preocupassem, porque se sentia bem.

Nem as dores, que a morfina já a custo procurava em vão minorar, estiolaram a alma e o espírito com que o Zé se despediu de todos, numa despedida que nos procurou ensinar uma lição que nos custa aprender e hoje, chorando procuramos o conforto que não conseguimos encontrar, na certeza de que todo o tempo é pouco para dedicar aos que amamos.

Adeus Zé e obrigado pela lição.
Repousa em Paz Profunda