Pai... (16-5-1921 ... 11-12-2004)
Pai, pesa-me o tempo que não tivemos, enquanto a memória procurar preencher os espaços vazios com retratos de épocas que não vivemos.
Os pinheiros da serra abatem-se na caruma nos caminhos que percorreste, ao som do ribombar dos petardos nas pedreiras, onde o granito deu cor à tua infância na casa onde habitaste à sombra do velho limoeiro, lançado sobranceiro sobre o muro da leira.
O cheiro a café com leite matinal já não perfuma o ar, numa mistura que o queimar da lareira emprestava ao cântico familiar de odores que só ali se conheciam.
A lenda do “mil homens” já não se conta e os mais velhos agora calam-se nos bancos das vendas, ao ritmo das canadas e quartilhos de champarrião, acompanhados pelas lascas das cebolas novas que o sal grosso salpicou como a neve nos caminhos.
Os pinheiros da serra abatem-se na caruma nos caminhos que percorreste, ao som do ribombar dos petardos nas pedreiras, onde o granito deu cor à tua infância na casa onde habitaste à sombra do velho limoeiro, lançado sobranceiro sobre o muro da leira.
O cheiro a café com leite matinal já não perfuma o ar, numa mistura que o queimar da lareira emprestava ao cântico familiar de odores que só ali se conheciam.
A lenda do “mil homens” já não se conta e os mais velhos agora calam-se nos bancos das vendas, ao ritmo das canadas e quartilhos de champarrião, acompanhados pelas lascas das cebolas novas que o sal grosso salpicou como a neve nos caminhos.
Pai, pesa-me o tempo que não tivemos, enquanto a memória procurar preencher os espaços vazios com retratos de épocas que não vivemos.