quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Entrudo dos sentidos


O batuque dos tambores transporta-me como uma folha levada pelo vento criado pelo arfar dos cantares acesos pela festa pagã que nos leva na levada do tempo.

Num silêncio quase cerimonial, onde só o silvo suave da respiração invade profano este espaço, a pele toma nova forma, vestindo-se para um novo desfile.
Os braços espreguiçam-se e adaptam-se a uma nova condição, onde as mãos estão mais longe e o céu se tornou o limite do imaginário.
As pernas desconhecem agora o chão e acompanham o vôo na sensação de estar ausente diante de todas as sombras que testemunham a dança anónima dos sentidos.

Completa-se a mutação dos seres, com a máscara que agora ponho decorada com um olhar alheio e o sorriso toma a forma de uma barca que navega numa satisfação cuidada, adornada pelos cabelos que descaiem em manto de rainha sobre a alma que coloquei como penhor de mim.

Não sei quem sou agora e os demais não me vêem, porque estou ausente. Vesti-me de ti.

6 comentários:

Adriana disse...

Maravilhoso!!Adorei seu blog!

Ana Luar disse...

Uma metamorfose perfeita de "tudo", para quem diz vestir-se do nada.


Bjs

O Profeta disse...

Fabuloso texto...falas-te do teu interior...?


Abraço

*Um Momento* disse...

Ausente fiquei de mim ao ler tais palavras tuas...
Tento encontrar-me , pois também perdi o meu "Eu"


Deixo-te um beijo e até sempre
Tudo de muito bom desejo

(*)

Sha disse...

Olá Ruca!

Passa no meu blog. Há lá um miminho para ti.

Beijo grande
Sha

blue disse...

Olá.
Passei para te deixar um beijinho e desejar resto de boa semana ;)