Os quatro lenços sagrados
Eram quatro os lenços que a minha mãe usava, tantos quantos os pontos cardeais.
Habituei-me a vê-los, emoldurando aquela face, que ora sorria na mais terna expressão, ora transparecia num olhar distante, os danos que a vida lhe causara.
Assim, aqueles lenços tornaram-se o ex-libris de quem me embalara na infância e alentara incondiconalmente em toda a minha existência, até que os nossos caminhos seguiram dias diferentes, à distância de um arco-íris.
Decidi então, que quais raios de luz, Daquela que venerada tinha, seguissem os mesmos lenços direcções cardeais, num abraço eterno de saudade, que no seu todo, reunissem os sentimentos sagrados que encontrara Naquela a quem tinham pertencido, designadamente Amor, Cumplicidade, Fraternidade e Carinho.
Eram quatro os lenços que a minha mãe usava, tantos quantos os pontos cardeais.
Habituei-me a vê-los, emoldurando aquela face, hoje emolduram as faces que juntas me fazem sentir a Dela.
Habituei-me a vê-los, emoldurando aquela face, hoje emolduram as faces que juntas me fazem sentir a Dela.
- À minha tia, que qual segunda Mãe, velando, me seguiu sempre os passos;
- À Mariah (a Mãe) que caminha ao meu lado, do lado do coração;
- À Maria do Céu (a Irmã) que discreta caminha ao lado, num apoio em silêncio;
- À Ana, que velando, lhe sigo os passos num carinho imensurável.
9 comentários:
Lindíssimas as tuas palavras. Muitos beijos.
Um lenço que guardarei com o maior dos carinhos, por tudo o que representa.
Olá.
Uma bela lembrança
Uma bela ideia
Uma bela partilha
Um belo sentir
Tem uma boa e bela semana
O amor por quem nos apoia, as recordações que marcaram aquilo que somos, um beijo
Olá Rui!
Só uma pessoa com o coração tão especial como o teu escreve e sente assim. De um amor e ternura que me comove sempre.
Um beijinho carinhoso
Azul
Já tinha comentado...e não apareceu...
Talvez seja esse o modo de passar sem ninguém me ver...
Um beijinho,
Mariah
o Lenço azul do mar para navegar no coração do(s) filho(s)...
***maat
Deixo-lhe este poema , que podia ser seu.
"Minha primeira lágrima caiu dentro de teus olhos.
Tive medo de a enxugar: para não saberes que havia caído.
No dia seguinte, estavas imóvel, na tua forma definitiva,
Modelada pela noite, pelas estrelas, pelas minhas mãos.
Exalava-se de ti o mesmo frio do orvalho; a mesma claridade da lua.
Vi aquele dia levantar-se inutilmente para as tuas pálpebras,
E a voz dos pássaros e a das águas correr,
- sem que a recolhessem teus ouvidos inertes.
Onde ficou teu outro corpo? Na parede? Nos móveis? No tecto?
Inclinei-me sobre o teu rosto, absoluta, como um espelho,
E tristemente te procurava.
Mas também isso foi inútil, como tudo mais."
Cecília Meireles
(1901 – 1964 )
***maat
Rui
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