terça-feira, julho 31, 2007

Grávida de Mãe


O teu corpo mudou.
O teu sorriso ficou mais branco e a alma ganhou a forma que desconhecia.
Os seios e o ventre impuseram-se ao mundo, mostraram que existem e que nenhum poeta ou pintor os souberam ainda escrever ou pintar com a justiça dos mestres.
As emoções e os sentimentos fizeram novelos com que foste tecendo sonhos, esperanças e o futuro num imaginário só teu.
Pouco a pouco, o toque das mãos com que embalas o ventre, sente dentro, outro mais delicado que procura descobrir-se num espaço que está dentro de ti.
O mundo já não é só teu, já não te pertence só a ti e tudo o que tens, juntaste num legado que tomou o nome que transportas contigo.
Em breve, o teu corpo vai dividir-se entre ti mesma e um pouco mais além, do que de ti nasceu.
E eu, embalo-me apenas no encanto de te ver mudar.
O teu corpo mudou e nunca te vi mais bonita nem nunca foste tão bela, até seres Mãe.
...
(Nenhuma Mulher pode ascender em grau algum de beleza, para além do momento da Gravidez.
A Maternidade pode muitas vezes tornar-se no que se transforma tudo o que o Amor conhece)

sábado, julho 28, 2007

Saudades do Colo de Mãe


Hoje fui visitar a minha Mãe.
Apeteceu-me o colo que me embalou.
Tenho saudades de estar com ela.
Apetece-me voar.

quinta-feira, julho 26, 2007

O oráculo da terra


Quase todos nós temos uma flor preferida, aquela cuja visão nos faz sorrir, aquela cujo odor se torna tão especial.
A minha desde sempre foi a “Rosa Chinesa”, também conhecida por “Hibisco” ou “Hibiscus Sinensis”, em especial o de cor amarela.
Esta devoção levara-me a tentar, vezes sem conta a procurar manter esta espécie no meu jardim, mas o insucesso teimou sempre em se sobrepor à minha vontade, qual sina impossível de contrariar.

Há algum tempo, a paixão ressurgiu perante um magnífico exemplar que me deixou encantado na forma e beleza das flores. A vontade matou a indecisão e o momento de a plantar num vaso especial não tardou.
Dia após dia, belas flores amarelas decoravam o espreguiçar de pequenos ramos que apontavam ao Sol como alegres sorrisos em silêncio que apenas os olhos escutavam.

Inevitavelmente parasitas tomaram conta das flores, como invasores profanando aqueles pequenos templos de beleza. Breve foi a decisão de proteger aqueles espaços sagrados com medidas e aplicação de desinfestantes, cuja vontade foi maior que a cautela e em breve, flores e folhas abandonariam lentamente os mesmos ramos que outrora floriam com entusiasmo e agora limitavam-se a uma mumificação desconcertante.
A minha planta morria lentamente e a impotência de não poder fazer nada acompanhava aquele cortejo fúnebre de queda de folhas e flores que abandonavam à terra num anúncio de morte.

Já sem folhas nem flores, pequenos ramos secavam, inertes e despidos, que um carinho escondido teimava em regar e recusava-se a cortar, semanas a fio, mesmo ante o veredicto conhecedor e infalível do jardineiro, que a sorte cruelmente confirmara nas tentativas anteriores.

Um dia de manhã, quando já a sorte e a falta de vontade de fazer o que quer que fosse acompanhavam o desânimo de tudo e de todos, daqueles pequenos ramos surgiram pequenos pontos verdes, que horas depois se denunciaram em folhas igualmente pequenas, de um verde aberto e firme, fazendo anunciar ao mundo um renascimento que desejando, não entendia.
Em pouco tempo, daqueles ramos secos as pequenas folhas sucederam-se e num dia mais intenso, alguns ramos mais entusiasmados com o Sol, ofereceram as primeiras flores amarelas que os meus olhos ouviram numa mensagem de prenúncio e de tenacidade daquele sábio oráculo da terra.

segunda-feira, julho 16, 2007

Fui no espaço ... descansar ao som do tempo

Sabem os que me conhecem, que me entrego de corpo e alma, por inteiro ao que gosto e aos de quem eu gosto. Assim, gosto de me entregar incondicionalmente, na plenitude do meu ser e das minhas capacidades, de modo a corresponder ao que sempre em mim os outros têm encontrado.

Todavia, algumas fases e momentos da nossa vida vão exigindo muito e por vezes demasiado de nós, levando-nos a um débito emocional, a que o ritmo diário começa a ter dificuldade em responder, remetendo-nos a uma situação onde sentimos a necessidade do descanso e de retemperar as forças, sobretudo quando a alma e o corpo se desencontram no espaço, na dimensão e no tempo.
A dificuldade de tempos passados e recentes foi-me cobrando inexoravelmente os sentidos e por vezes a vida exige-nos a dimensão que o corpo não preenche, obrigando a lamentos que silenciosamente fui guardando ao abrigo dos demais, embrulhados no eterno sorriso que vos deixo.

Sabem os que me conhecem, que me entrego de corpo e alma, por inteiro ao que gosto e aos de quem eu gosto e assim sendo, vou repousar para poder mais tarde entregar-me na plenitude do meu ser e das minhas capacidades, de modo a corresponder ao que sempre em mim vos habituei e merecem.

Não sei quando voltarei, mas estarei sempre convosco, como sempre tenho estado, no corpo e na alma.

"Não é mérito o facto de não termos caído, e sim, o de nos termos levantado todas as vezes que caímos" (provérbio árabe)

sexta-feira, julho 13, 2007

Quando ...


Quando não me vires, não me procures mas ouve-me porque posso estar perto de ti;
Quando não me ouvires, sente-me porque posso estar contigo;
Quando não me sentires, procura-me porque estarei longe.

Quando me procurares, busca-me apenas dentro de ti.

segunda-feira, julho 09, 2007

De partida, à chegada ...

No meio de multidões, entre idas e chegadas, os aeroportos e as estações constituem-se como pequenos grandes aquários do mundo, onde nos atiramos quase furtivamente à condição de observadores e observados.
Ao desejo da partida, como se quiséssemos despachar um acto incontornavelmente incómodo, sobrevem a viagem propriamente dita, onde a satisfação de alguns convive com o ar penitente dos que anseiam pelo destino.
A chegada aparece, lenta e quase de repente, quer como o limite do alívio e da satisfação, quer como o auge da impaciência para ultrapassar o obstáculo final das últimas portas que nos separam do mundo que nos espera.
À saída, mesmo quando sabemos não ser aguardados, os olhos varrem involuntariamente a multidão em filas de caras na expectativa do reconhecimento familiar, na necessidade não confidenciada de uma chegada desejada por alguém.
Passada a parada da espera, sem ninguém que nos receba, a solidão remete-nos à condição de ignorados, onde insignificantes à partida, sentimos que chegámos a lugar nenhum.

sábado, julho 07, 2007

"MomentUS" de excelência

A Nina do blog MomentUS entendeu por bem e criar o seu próprio no sentido de o atribuir pela excelência do que é dito e de como é dito - pelas palavras, pela música, pelas reflexões, pelas imagens, pelos desafios, pela solidariedade, pela vida partilhada...).
Muito sinceramente não me acho merecedor de tal distinção, mas reconheço que numa altura em que prémios e nomeações pululam, receber um que foi criado pela própria autora, me sensibilizou particularmente.

Encontrei-me virtualmente pela primeira vez com a Nina, no blog "E se um anjo..." e confesso-me desde então contagiado pela delicadeza da escrita e pelo aroma das frases com que nos desperta os sentidos.

Obrigado Nina, e o teu apreço pelo Luar do Deserto reforça o prazer de te receber neste espaço, reiterado na admiração sincera do teu talento.

Assim, e seguindo a indicação e o critérios da Nina, ainda que repetindo-me, vou nomear os blogs que ao lê-los, o meu tempo se transforma em verdadeiros momentUS de excelência, onde me delicio em longas caminhadas em silêncios discretos de leitura.
Assim e neste contexto, este é o prémio mais importante que até agora atribuí.

Simplesmente adoro estes blogs e as pessoas que os escrevem:

MomentUS - da Nina (pela delicadeza e a ternura em forma de escrita)
Ana Luar - da Ana Luar (pela delícia de escrita e de turbilhão de sentimentos)
A luz do poema - da Maat (aqui a pessoa e a escrita fundem-se num encanto)
A luz do vôo - da Maria do Céu (recato, beleza e emoção)
Momentos - da "o Momento" (ternura e criatividade espontânea)
Flor de Sal - da "Fofa" (intensidade e sentimento)
As minhas romãs - da Paula Raposo (paixão em tons fortes)
Teu sonho meu - da "Azul" (entrega e paixão)
Contra Capa - da Cristina Vieira (relato público diário)
Riso cor de Tejo - da Risoleta (encanto e mestria na escrita)

Bem hajam e um sincero obrigado por partilharem o que escrevem e assim, fazerem parte do meu quotidiano.

domingo, julho 01, 2007

Blog Awards

Embora lido por poucos e comentado por ainda menos, têm querido algumas pessoas atribuir a este blog, nomeações que sobretudo, reflectem a simpatia que me merecem.

A verdade é que algumas das pessoas que por aqui passam e que são autores de blogs por onde passo os olhos e distraio a alma, tornaram-se uma atenção constante e diária, qual certeza de que o sol aparece quando cada dia nasce.

Assim, apresento os meus agradecimentos sinceros aos que nomearam, nomeadamente:

Ana Luar do blog Ana Luar:
A Ana é uma pessoa que escreve deliciosamente, além de outras aptidões criativas onde se expressa, nomeadamente a da pintura. Tenho o prazer de ter a sua Amizade há muito tempo o que redobra o prazer da sua nomeação.

Um Momento do blog Momentos:
Este é um blog diferente e bastante interessante pelo facto da autora escrever no momento e de forma espontânea, o que denota a capacidade de escrita e criativa, sobretudo nalguns textos onde esta é levada ao expoente.

Gasolina do blog Flor da Palavra:
Para quem, como eu, raramente lê um livro, quando acede a este blog, é como se entrasse numa biblioteca e desfolhasse despreocupadamente o que da melhor forma se escreve, fazendo-o de uma forma que denuncia mestria no que faz.

NOMEAÇÕES:
Cabe-me por meu turno, manter a tradição e apresentar aqui aquelas que são as minhas nomeações, as quais reflectem o que penso, indiferentemente de quem se trate ou se as mesmas pessoas me nomearam ou não.

Os nomeados para as "7 Maravilhas da Blogosfera" (blogs que entendo que na sua generalidade são excelentes, na forma e no conteúdo) são:


Ana Luar - da Ana Luar (um blog interessante, com vida própria)
Contra Capa - da Cristina Vieira (uma forma dinâmica de falar)
O Alquimista - do Alquimista (a magia do imaginário)
A Luz do Poema - da Maat (um local de sabedoria)
MomentUS - da Nina (uma forma inteligente de amar)
Momentos - da "o Momento" (momentos espontâneos)
Flor da Palavra - da Gasolina (pedaços de literatura de qualidade)



Os nomeados para "Blogs com Tomates" (blogs que se afirmam na independência do espírito, abordando temas sem preconceitos) são:

Nau Catrineta - do Zeca da Nau
Nicolaias - do Vigilante
Amanhecer e Palavras Ousadas - da Conceição Benardino
Energias Alternativas - do Joaquim Guerra
A Economia - do "Simplesmente Louco"


Os nomeados para "O meu blog fala de Amor" e "Cupido fonte de Amor" (blogs que falam do Amor por alguém, por ninguém em especial ou pelos outos) são:


Ana Luar - da Ana Luar
MomentUS - da Nina
Teu sonho meu - da Azul
Flor de Sal - da Fofa
As minhas romãs - da Paula Raposo
Momentos - da "o Momento"
A minha louca paixão - do Simplesmente Louco
Cleopatra Moon - da Cleopatra
Magia, palavras e outras coisas - da "Magia"
Ondulações da Alma - da Sereia Azul


Os nomeados para "Fly Award" (blogs que merecem verdadeiros óscares) são:

Ana Luar - da Ana Luar
Contra Capa - da Cristina Vieira
O Alquimista - do Alquimista
A Luz do Poema - da Maat
A luz do vôo - Maria do Céu
MomentUS - da Nina
Momentos - da "o Momento"
Flor da Palavra - da Gasolina
Cleopatra Moon - da Cleopatra
Coração nas núvens - do João Cordeiro
Parágrafos inacabados - da Raquel Vasconcelos
Jorge Moreira - do Jorge Moreira


e alguns outros, em que a memória e a distração são cúmplices na omissão, e se esquecido eu padeça, assim não seja no apreço de todos os que passam e comentam.